domingo, 16 de outubro de 2011

O DISCURSO PUBLICITÁRIO



A intenção por traz da linguagem publicitária é persuadir, criar um costume ao produto que está sendo veiculado. Não importa os meios de comunicação em que está sendo utilizada a propaganda: televisão, revistas, outdoor, grandes jornais ou na internet. Para ser persuasiva, a linguagem publicitária busca uma aproximação com o público, marcando sua mensagem com textos e uma linguagem simpática, simples, pessoal, informal. Onde o receptor é tratado por você, buscando cumplicidade. Aproveita-se dos neologismos, dos modismos e até mesmo das gírias, sempre em busca da intimidade.

Em um primeiro momento, a linguagem publicitária atrai a atenção, desenvolvendo argumentos, concatenados e persuasivos e deixa, estrategicamente para o fim, o melhor: o apelo, a incitação e o convencimento.

Quanto ao substancial, a publicidade lança mão de uma série de artifícios de persuasão, quase todos psicológicos, tais como: animar o ego do leitor; motivar; envolvê-lo emocionalmente; buscar a sua simpatia e a sua cumplicidade; fazê-lo identificar-se com o apelo; fazê-lo crer que sua adesão ao apelo o torna superior em status, qualificação, etc.

Certos autores acham que estamos todos praticamente à mercê do
veículo de divulgação e maléficos métodos de estimulação coletiva, enquanto
outros alvitram que a “lavagem cerebral” e técnicas análogas, à
disposição do moderno manipulador de opiniões, são não apenas quase
irresistíveis como conduzem a mudança reais e permanentes nas concepções
políticas e religiosas. (Brown, 1971, p. 12)

O discurso publicitário desperta a vontade, o gosto, o desejo e a fantasia das pessoas, a linguagem usada ambiguamente, omite, abusa, exagera, ridiculariza, brinca, aplica metáforas e expressões de duplo sentidos. Sua elaboração está relacionada ao publico alvo que se quer atingir. Também o uso da sonoridade, que envolve, estimula e atinge o subconsciente do receptor fazendo-o aceitar a mensagem mais facilmente e sem perceber que está sendo envolvido por uma  trama semântica eloqüente, tornando a assimilação da mensagem
mais fácil. É claro que o uso dos recursos que a linguagem proporciona e a polissemia lexical são essenciais para atingir esses objetivos.

Não são propaganda no ‘bom’ sentido comunista que significa educação,
mas no sentido ‘mau’ ou reacionário que subentende a intenção de
enganar as massas. Naturalmente não pode haver duvida de que a educação,
como é atualmente feita em qualquer país, raramente não é tendenciosa
(Brown, ibidem, p. 12)

Os produtos e artefatos oferecem a salvação do homem, e representam bem-estar e êxito. Sem essa magia publicitária, certamente, seriam apenas bens de consumo, mas para se tornarem objetos de desejo, precisam ser mitificados e personalizados, adquirindo atributos de condição humana. Sebastião Nunes, poeta mineiro, nascido na década de 30, alerta que

Não há espaço para a tristeza na publicidade, já que ela não vende.
Muito pelo contrário, ela pode quebrar o encanto que liga / prende o consumidor
ao produto. A tristeza contribui para estimular as resistências do
potencial consumidor em adquirir tal mercadoria associada àquele sentimento.
Todo mundo é feliz // nos anúncios de cigarro.// Todo mundo é feliz
// nos anúncios de bebida.// Todo mundo é feliz // nos anúncios de carro.//
Todo mundo é feliz// nos anúncios de tudo.// A melhor garota propaganda
// da publicidade// é a felicidade (Nunes,1995, p. 63).

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